Ipea: 73% dos desempregados não têm qualificação para buscar novo emprego


O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que 7,3 milhões de trabalhadores brasileiros ficarão desempregados este ano. Desses, 73% não terão experiência e qualificação necessária para concorrer aos empregos existentes no país.

Os dados constam de um estudo divulgado nesta sexta-feira (28) pelo instituto. De acordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, apesar do país ainda ter um excesso de mão de obra qualificada, a falta de formação dos trabalhadores deve se tornar ainda mais grave no país com o tempo.

“Se continuarmos a crescer no ritmo atual, vamos ter problemas”, afirmou Pochmann, durante a apresentação do estudo Emprego e Oferta Qualificada de Mão de Obra no Brasil: Projeções para 2011. “Nós temos mão de obra qualificada para o tipo de empregos que a economia brasileira vem gerando. Mas, conforme a nossa economia vai se desenvolvendo, a demanda será mais especializada.”

Ainda segundo o presidente do Ipea, 80% dos empregos do país estão em pequenas empresas. Pochmann disse também que 90% das vagas de trabalho abertas no mercado nacional oferecem salários até tês salários mínimos, o equivalente a R$ 1.635.

Para esses empregos, o nível qualificação exigida não é alta. Porém, afirmou Pochmann, com o crescimento da economia, mais empregos devem surgir, a exigência deve aumentar e a qualificação pode se tornar um problema do mercado de trabalho.

Governo e empresariado precisam agir

Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, cabe ao governo federal e às empresas uma ação rápida para atacar esse problema, com investimentos pesados na formação profissional.

"A bola está com o governo, que precisa priorizar esse tema. É necessário mais iniciativa, tanto do Estado quanto do empresariado, especialmente na formação técnica. É governo quem tem maior capacidade de investir nisso", argumentou o dirigente.

Na mesma linha, o presidente do Ipea defende mudanças no sistema de qualificação dos trabalhadores. Na opinião dele, no Brasil, mais pessoas deveriam ser treinadas dentro das empresas. “A quantidade de trabalhadores formados em estágios e programas trainees é pequena. Temos muita gente em cursos oferecidos por escolas, fora das empresas”, afirmou.

Pochmann falou que esses cursos são importantes. Contudo, alguns postos de trabalho exigem uma qualificação ainda maior que, nesse tipo de programa de formação, os trabalhadores não obtêm. “O governo poderia incentivar as empresas que treinam seus funcionários dentro do ambiente de trabalho”, sugeriu.

Ele defendeu também um planejamento de longo prazo dos programas de formação profissional. Pochmann disse que empresas e governo precisam conversar sobre a necessidade de mão de obra para direcionar os investimentos na solução de possíveis “gargalos”.

Fonte: Portal CTB